16 de dezembro de 2010
1 de dezembro de 2010
Viva WikiLeaks!
12 de outubro de 2010
QUANDO OS SERRAS DA VIDA ABREM FOGO
30 de agosto de 2010
Maria Farrar de Bertold Brecht
Maria Farrar, nascida em abril, sem sinais particulares, menor de idade, orfã, raquítica, ao que parece matou um menino da maneira que se segue, sentindo-se sem culpa. Afirma que grávida de dois meses no porão da casa de uma dona tentou abortar com duas injeções dolorosas, diz ela, mas sem resultado. E bebeu pimenta em pó com álcool, mas o efeito foi apenas de purgante. Mas vós, por favor, não deveis vos indignar. Toda criatura precisa da ajuda dos outros.
Seu ventre inchara, agora a olhos vistos e ela própria, criança, ainda crescia. E lhe veio a tal tonteira no meio do ofício das matinas e suou também de angústia aos pés do altar. Mas conservou em segredo o estado em que se achava até que as dores do parto lhe chegaram. Então, tinha acontecido também a ela, assim feiosa, cair em tentação. Mas vós, por favor, não vos indigneis. Toda criatura precisa da ajuda dos outros.
Naquele dia, disse, logo pela manhã, ao lavar as escadas sentiu uma pontada como se fossem alfinetadas na barriga. Mas ainda consegue ocultar sua moléstia e o dia inteirinho, estendendo paninhos, buscava solução. Depois lhe vem à mente que tem que dar à luz e logo sente um aperto no coração. Chegou em casa tarde. Mas vós, por favor, não vos indigneis. Toda criatura precisa da ajuda dos outros.
Chamaram-na enquanto ainda dormia. Tinha caído neve e havia que varrê-la, às onze terminou. Um dia bem comprido. Somente à noite pode parir em paz. E deu à luz, pelo que disse, a um filho mas ela não era como as outras mães. Mas vós, por favor, não vos indigneis. Toda criatura precisa da ajuda dos outros.
Com as últimas forças, ela disse, prosseguindo, dado que no seu quarto o frio era mortal,se arrastou até a privada, e ali, quando não mais se lembra, pariu como pôde quase ao amanhecer. Narra que a esta altura estava transtornadíssima, e meio endurecida e que o garoto, o segurava a custo pois que nevava dentro da latrina. Entre o quarto e a privada o menino prorrompeu em pratos e isso a perturbou de tal maneira, ela disse, que se pôs a socá-lo às cegas, tanto, sem cessar, até o fim da noite. E de manhã o escondeu então no lavatório. Mas vós, por favor, não deveis vos indignar, toda criatura precisa da ajuda dos outros.
Maria Farrar, nascida em abril, morta no cárcere de Moissen, menina-mãe condenada, quer mostrar a todos o quanto somos frágeis. Vós que parís em leito confortável e chamais bendido vosso ventre inchado, não deveis execrar os fracos e desamparados. Por obséquio, pois, não vos indigneis. Toda criatura precisa da ajuda dos outros.
Bertold Brecht
24 de agosto de 2010
A Autoridade

Somente as meninas recém-nascidas se salvaram do extermínio. Enquanto elas cresciam, os assassinos lhes diziam e repetiam que servir aos homens era seu destino. Elas acreditaram. Também acreditaram suas filhas e as filhas de suas filhas.
Eduardo Galeano.
Diário de Bitita
6 de agosto de 2010
Oração de Lilith
Em pé, de frente ao espelho, relembre os momento em que você sentiu-se obrigada a fazer o que não queria. Descubra a parte do teu corpo onde o recentimento ou a vergonha se instalou. Então, em voz alta, repita frases que negam a opressão: Não quero! Não dou! Não admito! Não deixo! Não faço! Faça movimentos com as mãos, como se estivesse arrancando do seu corpo a lembrança. Quando sentir que basta, acalme sua mente e seu coração. Respire fundo e se olhe no espelho, diga quem você, o que você deseja e merece. Reafirme seu próprio ser!
6 de abril de 2010
O corpo feminino é um campo de batalha...
25 de janeiro de 2010
Violência Contra Mulher
EXISTE A VIOLÊNCIA SIMBÔLICA, QUE TRANSFORMA AS MULHERES EM OBJETOS
E A VIOLÊNCIA FÍSICA
Situações que caracterizam violência contra a mulher:
1. Ameaça
Se alguém, por palavras, gestos ou por escrito, amedrontou você — prometendo fazer um mal injusto e grave —, você foi vítima de um crime de ameaça.
Em outras palavras: se alguém ameaçou causar algum mal a você (como estupro, morte, espancamento etc.), pode denunciar. É muito importante frisar essa informação, porque muitas pessoas acreditam que isso não é crime. Ameaça é crime!
2. Atentado violento ao pudor
Se alguém a obrigou a ter contato íntimo contra sua vontade, sem que tenha ocorrido uma relação sexual completa, você foi vítima de um crime de atentado violento ao pudor.
Essa também é importante destacar: aquele homem que fica se "esfregando" em uma mulher no ônibus lotado (desculpem, gente) é um criminoso!
3. Difamação
Se alguém falou contra sua honra, na presença de uma ou mais pessoas, você foi vítima de um crime de difamação.
4. Estupro
Se alguém a obrigou a ter relações sexuais contra sua vontade, você foi vítima do crime de estupro.
Mesmo que seja seu namorado, amante ou até seu marido: foi contra a sua vontade? É estupro!
Se a vítima for menor de 14 anos ou pessoa com deficiência mental reconhecida, caracteriza-se também o crime de estupro, mesmo que não haja sinais visíveis de violência.
Estupro é caracterizado pela relação sexual forçada, com penetração vaginal ou outros atos, praticados com o uso da força, ameaça ou intimidação.
5. Injúria
Se alguém a ofendeu, mesmo que não tenha sido na frente de outra pessoa, você foi vítima do crime de injúria.
Além disso, se você sofreu agressões físicas sem deixar marcas aparentes ou foi expulsa do lar conjugal, também foi vítima desse crime.
6. Lesão corporal
Se alguém lhe deu socos, bofetões, pontapés ou bateu usando objetos que a machucaram ou prejudicaram sua saúde, você foi vítima do crime de lesão corporal.
Em muitas culturas, a violência contra a mulher é tolerada ou justificada, e normas sociais ainda sugerem que a mulher é a culpada pela violência que sofre, simplesmente por ser mulher.
Essas atitudes podem estar presentes até mesmo entre profissionais da saúde e da segurança pública, o que resulta, muitas vezes, em tratamento inadequado ou desrespeitoso — especialmente em casos de violência sexual — quando a vítima busca atendimento médico e psicológico.
É importante lembrar que os atos de violência contra a mulher são mais frequentes do que se imagina e são passíveis de punição perante a lei.
Mas, infelizmente, nem sempre as mulheres têm coragem de denunciar a violência da qual foram vítimas.
Se ele tivesse nascido mulher

Debatendo as diferenças biológicas, psicológicas e culturais entre o feminino e o masculino, quem nunca teve que ouvir da boca de algum machista, orgulhoso de seu gênero: "Por que você acha que todos os grandes pensadores, gênios e cientistas são homens?"
Em certa altura do debate, as teorias evolucionistas e o darwinismo entram em cena para justificar as desigualdades entre homens e mulheres. Enquanto todos os atributos biológicos favorecem a posição de dominador do homem, os "atributos" biológicos das mulheres apenas reforçam os papéis subalternos.
Realmente, mulheres e homens são diferentes, mas essas diferenças não justificam as desigualdades sociais.
Se Ele Tivesse Nascido Mulher
Jane foi esposa devota e viúva exemplar; e quando os filhos já estavam crescidos, encarregou-se dos próprios pais, doentes, de suas filhas solteironas e de seus netos desamparados. Jane jamais conheceu o prazer de se deixar flutuar em um lago, levada a deriva pelo fio de um papagaio, como costumava fazer Benjamin, apesar da idade. Jane nunca teve tempo de pensar, nem se permitiu duvidar. Benjamin continua sendo um amante fervoroso, mas Jane ignora que o sexo possa produzir outra coisa além de filhos. Benjamin, fundador de uma nação de inventores, é um grande homem de todos os tempos. Jane é uma mulher do seu tempo, igual a quase todas as mulheres de todos os tempos, que cumpriu o seu dever nesta terra e expiou parte de sua culpa na maldição bíblica.
Ela fez o possível para não ficar louca e buscou, em vão, um pouco de silêncio. Seu caso não despertará o interesse dos historiadores.