19 de novembro de 2006

Anorexia: colonizando corações e mentes

Como Foucault costumava dizer: “O poder da sociedade moderna age diretamente sobre os corpos, tornando-os dóceis e disciplinados”. Considerando “os anos dourados” pelo qual passa a “domesticidade feminina” é possível afirmar que a preocupação em patrocinar certos esteriótipos de mulher é reveladora, pois nela operam mecanismos de controle e autocontrole do comportamento e da sexualidade . A imagem feminina dócil e disciplinada é ferramenta de poder, serve para sujeitar ilusões e aspirações e abonar os valores da cultura hegemônica.
Coitadas das que não ficarão tão lindas quanto a Gisele Bündchen enfiando o dedo na garganta para vomitar, das que se mutilam e se entregam ao definhamento ou simplesmente usam o mesmo creme que ela usa na propaganda, esperando obter alívio da opressão estética. Como se auto-estima e amor próprio viesse em postes plásticos. Quantas mulheres sonham um dia serem como as top model's: desejadas e reverenciadas pelas “cortes” masculinas e conquistarem um lugar no mundo . Mesmo que tornar-se aquilo que os homens mais apreciam signifique preencher o sinistro sarcófago da anorexia , assim mesmo muitas mulheres quotidianamente se empenham em satisfazer as fantasias e os ideais machistas. A princípio as maiores e melhores oportunidades serão creditadas às belas, às magra, às bem vestidas e às sedutoras. Isso é tão forte na mente das pessoas que, aparentemente, todas as escolhas e fatos da vida feminina convergem para um aprisionamento nessa “imagem tirânica”.
É o império da Estética da Limitação e da violência contra o corpo. Da violência que coloni-za mentes, corações e territórios.