
Como Foucault costumava dizer: “O poder da sociedade moderna age diretamente sobre os corpos, tornando-os dóceis e disciplinados.” Considerando os “anos dourados” pelos quais passa a domesticidade feminina, é possível afirmar que a preocupação em patrocinar certos estereótipos de mulher é reveladora, pois neles operam mecanismos de controle e autocontrole do comportamento e da sexualidade.
A imagem feminina dócil e disciplinada é uma ferramenta de poder: serve para subjugar ilusões e aspirações, e abonar os valores da cultura hegemônica.
Coitadas das que não ficarão tão lindas quanto Gisele Bündchen, enfiando o dedo na garganta para vomitar; das que se mutilam, se entregam ao definhamento, ou simplesmente usam o mesmo creme que ela usa na propaganda, esperando obter alívio da opressão estética — como se autoestima e amor-próprio viessem em potes plásticos.
Quantas mulheres sonham um dia ser como as top models: desejadas e reverenciadas pelas “cortes” masculinas, e conquistar um lugar no mundo. Mesmo que tornar-se aquilo que os homens mais apreciam signifique preencher o sinistro sarcófago da anorexia, ainda assim, muitas mulheres, cotidianamente, se empenham em satisfazer as fantasias e os ideais machistas.
A princípio, as maiores e melhores oportunidades serão creditadas às belas, às magras, às bem-vestidas e às sedutoras. Isso é tão forte na mente das pessoas que, aparentemente, todas as escolhas e fatos da vida feminina convergem para um aprisionamento nessa “imagem tirânica”.
É o império da Estética da Limitação — e da violência contra o corpo. Da violência que coloniza mentes, corações e territórios.
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