27 de agosto de 2006

EUSOU O MEU CORPO,
EU PERTENÇO A ELE,
ELE PERTENCE AOS HOMENS

Muitas vezes essa frase pode soar estranha ou até mesmo óbvia, tudo depende do nível de consciência que seus olhos possam suportar. O fato de muitas mulheres se reduzirem à suas bundas ou peitos não é muito raro numa sociedade onde as pessoas não são. Elas possuem. Se um homem interessante se mede pelo valor de seu carro (e de seu celular) e uma mulher pelo tanto de sexualidade que transpira, quanto mais perto dos padrões de beleza veiculados nas revistas e novelas mais valor ela vai poder agregar ao veículo de seu namorado. Para muitos, se não ficasse esteticamente estranho, poderiam até se cortar as cabeças femininas, questão de bom senso. Tudo o que não tem utilidade é supérfluo, tudo que é supérfluo é coisa de mulher. Coisa de mulher é gastar o dinheiro que os homens ganham, eles ganham porque pensam. Lógica capitalista. Lógica dos que sabem pensar.
Nos tempos em que o machismo se generaliza e se torna totalizante, os olhos totalizam a consciência das pessoas, o conceito do estético aprisiona os seres humanos e eles não conseguem pensar para além da forma. O desejo manifesto por um automóvel é igual ao que se tem por uma mulher. O tesão que sentimos por uma bunda ou pelo design de uma traseira de carro é praticamente o mesmo. Eles irão servir-te da mesma forma. Irão te valorizar no mercado se forem bonitas e de último modelo. O machismo anula as diferenças entre um automóvel e uma mulher. Entre o corpo e cérebro feminino. Entre as roupas que uma mulher pode comprar e sua capacidade de pensar. Entre um relacionamento amoroso e um financiamento de um bem.

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