4 de janeiro de 2007

O desserviço de certas campanhas contra Aids

Ao longo das últimas quatro décadas, campanhas de prevenção ao HIV/AIDS ocuparam um espaço central nas estratégias de saúde pública. Contudo, muitas dessas campanhas, em vez de informar e acolher, acabaram por reproduzir estigmas, alimentar o medo e reforçar preconceitos — fazendo um verdadeiro desserviço à tomada de consciência sobre a doença.

Nas décadas de 1980 e 1990, marcadas pelo desconhecimento e pelo pânico em relação à AIDS, predominava uma abordagem que associava o vírus à morte iminente, à promiscuidade e à marginalidade. Imagens de corpos esqueléticos, seringas, monstros simbólicos ou túmulos tornaram-se ícones da comunicação preventiva. O que se pretendia como alerta, muitas vezes se converteu em terror midiático, criando um ambiente de medo que afastava as pessoas da testagem, do tratamento e, sobretudo, do diálogo franco sobre sexualidade e cuidado.

Campanhas como a campanha de prevenção contra a AIDS da organização francesa AIDES, que representa a pessoa com HIV como um escorpião monstruoso — que envenena as pessoas. Além de desumanizar pessoas soropositivo, tornando-os monstros perigosos,  esse tipo de campanha  reforça o medo, a repulsa e o estigma e alimenta preconceitos em vez de promover informação.

Associar sexo com terror ou punição, pois a imagem reforça uma visão moralista e punitiva da sexualidade, especialmente da sexualidade masculina (ou possivelmente homoafetiva, dependendo da leitura). Ao transformar o ato sexual em um encontro com uma criatura monstruosa, a campanha usa o medo como ferramenta, o que pode ser contraproducente. O Foco exclusivo no medo, e não na informação, baseadas em terror gráfico tendem a ser menos eficazes do que aquelas que educam com clareza e base científica

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