20 de fevereiro de 2013
11 de fevereiro de 2013
Documentários PAGUça-sua-mente
Olhos Azuis
Documentário sobre preconceito e discriminação.
Estamira
Narra a história de uma catadora de lixo, doente mental crônica, com uma percepção do mundo surpreendente e devastadora.
5 de fevereiro de 2013
FILMEnista: The Magdalene Sisters (Em Nome de Deus), para pensar os crimes cometidos pela Igreja Católica contra as mulheres.
05 de fevereiro
de 2013: Um relatório oficial do governo Irlandês, divulgado nesta
terça-feira, admitiu que o estado irlandês foi responsável pelo envio de cerca
de 30 mil mulheres e meninas para as
chamadas "Lavanderias de Madalena",
instituições católicas que eram verdadeiras senzalas femininas, onde adolescentes sem teto, mães solteiras, jovens delinquentes ou consideradas "problemáticas" foram submetidas a longas jornadas de trabalho não
remunerado e sofreram todo tipo de tortura física e psicológica.
Essas instituições,
dirigidas por freiras católicas, foram acusados de tratar as internas colocadas sob seus cuidados como "escravas" em pleno século XX
(entre 1922 e 1995).
Tudo leva a crer que foi o trabalho
escravo destas mulheres que financiou congregações católicas da Irlanda como as Irmãs
de Nossa Senhora da Caridade, os Bons Pastores, as Irmãs da Misericórdia e as
Irmãs Religiosas da Caridade.
Quem eram essas mulheres escravizadas, chamadas pela igreja de “Irmãs de Madalena”? A maioria das abrigadas pelas "Lavanderias de Madalena" eram mulheres acusadas por pequenos
delitos como, por exemplo, não pagar por um bilhete de ônibus, furto e vadiagem. Haviam
também jovens órfãs ou abandonadas pelas famílias.
As sobreviventes
contaram ao Grupo de Defesa e Justiça para as Madalenas como funcionavam
as instituições: um regime rígido e inflexível de trabalho e oração, com muitos
casos de abuso sexual.
Mais de 10.000 mulheres,
com idades entre 9 e 89, foram enviadas para oito das 10 lavanderias, segundo os
registros disponíveis entre 1992 e 1996. O Grupo de Defesa e Justiça
para as Madalenas tomou conhecimento de pelo menos 988 mulheres enterradas nos
cemitérios das "Lavanderias" de toda a Irlanda, o que significa que estas mulheres
permaneceram nas instituições até a morte. A Dr. Katherine O'Donnell,
diretor do Centro de Estudos das Mulheres na Universidade College, em Dublin,
disse: "O estado enviou meninas e mulheres no sistema de lavanderia
Madalena através dos tribunais, de forma ilegal”.
Este cenário aterrador das Lavanderias de Madalena, foi retratado no filme “The Magdalene Sisters” (2002).
O filme se passa na década de 1960 e conta história de Margaret uma jovem estuprada pelo
primo enviada a instituição pela família; Bernardette uma jovem muito bonita e sensual, considerada um perigo para os homens
da vizinhança; Rose e Crispina duas mães solteiras. Personagens inspiradas na história
de mulheres reais que realmente viveram nas "Lavanderias de Madalena". Quatro mulheres renegadas
pela família e pela sociedade, internadas nesta instituição católica para "pagarem por seus
pecados". Uma punição sem tempo determinado, baseada numa rotina de trabalhos forçados a instituição que prestava serviços para presídios, hospitais e para o exército. O nome "Irmãs Magdalena" é uma clara referência a Maria Madalena: a pecadora.
Mas ao contrário da personagem bíblica que, segundo consta foi perdoada e acolhida por Jesus, as Madalenas desta história são humilhadas
regularmente pelas freiras, que não toleram desobediência e muitas vezes usando
castigos físicos.
Para ser
internada numa das Lavanderias de Madalena bastava ser mãe solteira, ser bonita
e sensual demais ou feia demais para casar, ser ignorante ou muito inteligente,
vítima de estupro, em fim, bastava ser mulher e agir de maneira oposta as regras
socialmente estabelecidas. Por tais crimes e pecados, as Madalenas eram obrigadas a trabalhar
364 dias por ano --- descanso? Só no natal. Não recebiam remuneração. Mulheres escravizadas com às bençãos da Igreja e a chancela do estado. E não estamos falando de coisas ocorridas no século XVII e XVIII, mas do século XX. O filme se passa nos anos de 1960. Década da revolução sexual, do feminismo, das lutas por direitos civis do setores excluídos.
Neste filme,
a autoridade da igreja sobre a vida destas mulheres é representado pela irmã Bridget, quem pune as meninas que tentam
fugir, desobedecem as freiras e conversam durante o trabalho. O enredo retrata
também a hierarquia estabelecida pelas religiosas. Embora seja o trabalho das internas
que sustenta a instituição, a comida servida a elas era bem
inferior a das freiras. O filme retrata outra faceta cruel desse sistema de escravidão: algumas destas Madalenas também eram escravas sexuais, ou seja, eram obrigadas a prestar “favores”
sexuais aos padres. Quando alguma delas engravidava, como a igreja não tolera o
aborto, os filhos fruto do estupro eram adotados por “boas famílias católicas”.
A narrativa deixa
claro ainda que a escravidão dessas Madalenas mantinha muitas ordens religiosas e
as obras “filantrópicas” da igreja católica na Irlanda.
Assinar:
Postagens (Atom)