26 de abril de 2018

Misoginia, hipermasculinidade e violência dão o tom da apropriação comercial do hip hop.




Homens brancos, urbanos não costumam experimentar a frustração econômica, racial e a marginalização que homens negros experimentam. Então, como explicar essa identificação dos homens brancos urbanos com homens negros suburbanos? Identificação que leva os brancos a se apropriar da cultura negra como se fosse sua. Essa apropriação ultrapassa uma afinidade com os irmãos pretos suburbanos ou o gosto pela sua música (o hip hop). O sucesso da cultura afroamericana junto ao homem branco americano tem a ver com modelos de masculinidade. A imagem do homem negro suburbano não deixa de ser a de um conquistador de territórios (mesmo marginalizado e sem muitos recursos, a seu modo, ele garante o domínio masculino sobre o gueto), como guerreiros não temem matar nem morrer eles defendem sua honra e territórios e ainda paira sobre o homem negro o mito da superpotência sexual. O homem negro suburbano marginalizado não deixa de ser um modelo de hipermasculinidade. O hip hop não deixa de ser expressão dessa hipermasculinidade. As representações da masculinidade produzidas dentro da cultura hip hop visam transmitir poder ( o poder do marginal, do anti-herói), mas não só isso: eles também representam um estilo de vida que é visto e percebido como rentável, o que torna ainda mais atraente. No entanto, existem alguns componentes dentro dessa representação de masculinidade que não podem ser apropriados, que jovens não suburbanos não podem compreender ou transmitir: a "credibilidade das ruas" obtida somente no contexto original em que o hip hop foi criado. A experiência da juventude preta suburbana se expressa no limiar entre a vida e a morte. Muito poucos jovens brancos tiveram que estar preocupados com gangues, armas ou o fato de estar envolvidos em situações que os colocam em risco de morrer cedo por causa da cor da sua pele. Mas mesmo assim os brancos usam as calças jeans largas sem cinto que imita a roupa de presídio ou assumem a corporalidade hipermasculina do hip hop. Embora não tenha base contextual, o homem branco faz da sua aparência ou desempenho da representação dessa masculinidade algo crível. Aí reside a qualidade magnética do hip hop para jovens machos brancos: no modelo de masculinidade. A medida que o hip hop se capitalizava a experiência, que nas origens serviu de base para os elementos dessa cultura, foi sendo abandonada. Nesse sentido, a apropriação da cultura hip hop fora dos guetos, pela juventude branca também significou ignorar os gritos de angústia dos homens pretos; significou limpar as letras das músicas daquilo que era muito desconfortável; significou branquear aquilo que era muito preto, para transformar o hip hop num enorme, novo, negócio rentável. A capitalização do hip hop também significou a subtração do seu conteúdo crítico e exacerbação da masculinidade. Uma masculinidade baseada na objetificação das mulheres, na violência, no consumismo e experiências que estão muito longe da realidade vivida pela maioria dos homens pretos suburbanos. A utopia de Africka Bambaataa de transformar o hip hop em substituto das competições fratricidas, transformar as gangues armadas em crews de dança e grafite; transformar as disputas de pretos contra pretos por territórios numa luta política (contra o sistema), tudo isso foi enfraquecido pela capitalização. Misoginia, hipermasculinidade e violência dão o tom do hip hop comercial. Rimas sobre tiroteios, letras sobre homens matando outros homens, sobre machos invulneráveis e "outros", menos machos, são as mais bem sucedidas. O rapper 50 Cent, que na vida real sobreviveu ao ser baleado nove vezes, em uma de suas músicas, "Muitos homens", transforma esse evento em compêndio da tenacidade da sua masculinidade. Outra representação perturbadora é a da feminilidade. Mulheres são continuamente objetivadas e degradadas em músicas e vídeos misóginos. A representação da mulher preta como objetos hiper-sexualizado é regra. O que tem despertado a oposição do feminismo em relação ao hip hop. Embora em suas letras eles afirmem amar as mulheres pretas, a maneira como os rappers pretos tratam as mulheres pretas não é muito diferente da maneira como elas eram tratadas no século XIX, pelos senhores de escravos brancos, isto é: como objetos sexuais que um homem de posses pode obter.

Geni-Joga-Pedra


11 de setembro de 2015

Filmenista: Vênus Noire (2010)

Vênus Noire é um filme que dói.   Baseado na biografia de Saartjie Baartman: nascida no final dos anos de 1780, na comunidade  Khoisian na África do Sul. Perdeu a mãe ainda criança e na adolescência perdeu o pai e o irmão. A comunidade onde Saartjie vivia foi atacada pelos colonizadores holandeses, ela foi feita de escrava. Em 1810, o médico inglês William Dunlop conheceu Saartjie, interessou-se pelas suas formas corporais: nádegas e seios grandes e genitália externa (tipo físico conhecido como Vênus Hotentote). Dunlop  convenceu o proprietário de Saartjie a permitir que ele a levasse para Europa, onde ela seria objeto de estudos científicos em função de seu corpo incomum. Porém, Saartjie foi levada a Londres, onde  foi colocada em exposição como objeto exótico.  Ela permanecia  semi-nua, realizava algumas danças em seguida o público era convidado  por Dunlop a tocá-la nas nádegas e os seios. Alguns espectadores a cutucavam com uma vara. O show de horrores de Dunlop revoltou um um grupo de abolicionistas, que  levou Dunlop ao tribunal, alegando que ele mantinha Saartjie em cativeiro contra a vontade dela. Saartjie testemunhou a favor de Dunlop no tribunal, alegou que ela era apenas uma mulher tentando ganhar um salário honesto, o caso foi arquivado. A polêmica popularizou a exposição e a Vênus Hotentote foi levada a Paris, onde foi vendida  para um domador de animais. Além de ser exposta como "animal exótico" seu corpo foi usada em "pesquisas científicas". 



Quando o público e os cientistas perderam o interesse por ela, seu dono a obrigou a se prostituir. Saartjie morreu em 1815, aos 25 anos, vítima da sífilis. Seu corpo foi vendido para o Museu Natural de Paris, onde foi dissecado e empalhado, permanecendo em exposição por muitos anos. Posteriormente, o corpo foi substituído por um molde de gesso. Com o fim do regime de Apartheid, o governo de Nelson Mandela iniciou uma campanha para que os restos mortais de Saartjie fosse devolvido para África do Sul e recebesse um sepultamento digno. Finalmente, em 2002, depois de uma campanha de quase uma década, o governo francês devolveu  o corpo  de Saartjiede para África. 
Em um tempo que os corpos das mulheres brancas eram escondidos por camadas e camadas de roupas, os corpos das não-brancas e das classes subalternas estavam sujeitos a "apreciação" pública, bem como à exploração sexual.  O caso de Saartjie é paradigmático da objetificação a que eram submetidos os corpos das mulheres de grupos humanos escravizados e colonizados. Retratadas pelos evolucionistas como figuras zoomórficas, "aberrações" que confirmavam o progresso do "tipo europeu" em relação aos demais tipos humanos. Um corpo apto a demarcar as diferenças raciais  e evolucionárias. Há quem pense essa sociedade que tratava as mulheres negras como "bichos exóticos" foi totalmente superada, que vivemos outros tempos, mas inúmeros exemplos contemporâneos demonstram o contrário. Ainda hoje, as mulheres negras colhem os frutos desse pensamento, sendo constrangidas ou a se enquadrar nos esteriótipos de "corpo exótico" ou a lutar arduamente para superar a desumanização produzida por esses esteriótipos e a exploração de seus corpos. 
A história de Saartjie foi retratada no filme Vênus Noire: 

Filme completo (legendado)

20 de novembro de 2014

Os Intolerantes


Ah, meu Deus! Assisto com muita tristeza a pena da aspereza dilacerando a beleza de uma linda sinfonia. A aguarrás de juizes, ciumentos inflexíveis, descolorindo as matizes de uma linda pintura, só porque não gostam da assinatura?"

"E vai com uma bailarina, com a inocência de menina, dançando em volta do sol, a Grande Mãe Terra. Enquanto muitas nações, governos, religiões ensaiam a dança da guerra."

"Na verdade a bola azul quase nunca foi amada; é sempre penalizada. Tem um trabalho enorme, dedicação e talento para preparar a mistura, juntar os seus elementos para dar forma às criaturas, e elas, depois de paridas, desconhecem a matriarca e dizem, mal agradecidas: que a carne é fraca."

"E quando o planeta gera um Avatá, um iluminado assim como o Nazareno, tem logo quem se apresenta com conhecimento profundo e diz logo: não é desse mundo, só pode ser extraterreno."

"Ah, é difícil entender porque é que o homem, até hoje, cospe no prato que come. Algumas religiões, não sei por qual motivo, dizem que a Terra é um território com vocação pra purgatório, não passa de sanatório... E que nós só seremos felizes longe dela, bem distante, lá onde os delirantes chamam de paraíso."

"Olha, eu vou dizer de coração. Na minha simples, dia após dia, me perdoem a liberdade, mas religião de verdade, mais parecida com a que Jesus queria, talvez seja sentimento de ecologia. Para esse sentimento não tem fronteiras e só reza um mandamento: preservação das espécies com urgência, sem adiamento."

"Hoje, ela pensa nas plantas, nos rios, no mar, nos bichos. Amanhã, com certeza, com a mesma dedicação e capricho, pensará com muito cuidado nos meninos abandonados."

"Ah, se ela tivesse mais força para sustentar sua zanga, evitaria, com certeza a fome cruel de Ruanda. Não tinha maturidade, ainda era uma menina, quando a impertinência sangrou, com a bola de fogo, a pobre Hiroshima. Mas ela cresce, se instala como uma prece no coração das crianças. Tenho muitas esperanças..."

"Eu tenho toda a certeza que nosso planeta um dia, mesmo cansado, exausto, terá toda a garantia e guardado por uma geração vigia, nunca mais verá a espada fria no Holocausto."

"A intolerância, repito, é a mais triste das doenças. Não tem dó, não tem clemência. Deixa tantas cicatrizes nas pessoas, nos países, até as religiões, guardiãs da Luz Celeste, abandonam seus archotes para empunhar cassetete. E o que, na verdade, refresca o rosto de Deus, é um leque, que tem uma haste de Calvino e outra de Alan Kardec."
"Na outra haste, as brisas, que vêm das terras de Shivas, são uma, dos franciscanos, e outra, dos beduínos. Não precisa ir muito longe... Jesus nasce entre os rabinos."

"Às vezes corações que crêem em Deus, são mais duros que os ateus. E jogam pedra sobre as catedrais dos meus deuses Yorubás. Não sabem que a nossa terra é uma casa na aldeia, religiões na Terra são archotes que clareiam."

DE ALTAY VELOSO


17 de setembro de 2014

Coração suburbano também fere e se locupleta da estigmatização das negras


Sou fã de Elisa Lucinda. Fã mesmo, de verdade, tanto porque a poesia dela me toca muito, quanto porque a acho excelente poeta. Não só eu, gente importante como Nélida Piñon tem a mesma opinião e isso deve significar que ela é boa mesmo, ao contrário do que pensa meu amigo e poeta Ronald Augusto. Aliás, acho que os setores da crítica que torcem o nariz para a poesia de Elisa também o fizeram para Mário Quintana e Adélia Prado. Gente grande, mas muito simples e de linguagem acessível, que se ocupa do comesinho da vida dos viventes para poetar.
Já assisti vários espetáculos de Elisa no Rio e em São Paulo. Certa vez ganhei livro por responder corretamente à pergunta feita pela poeta ao final do espetáculo.  No Rio fui duas vezes à Casa Poema, em Botafogo, e lá assisti a espetáculo encenado por Elisa e um grupo de atrizes e atores negros, dentre eles Sandra de Sá e Iléa Ferraz. Prestigiei por dois anos consecutivos o espetáculo de encerramento da turma de alunos da Casa Poema em teatros lindos.
Também assisti uma performance de Elisa em Salvador e dessa feita aconteceu uma situação constrangedora. Um pequeno grupo de mulheres negras, do qual eu não fazia parte, talvez muito animado com a presença de uma atriz e poeta negra magnífica no palco, talvez por não ter costume de frequentar teatros, conversava sem parar. Elisa precisou interromper a atuação e pediu silêncio porque o grupo a estava atrapalhando. Se pudesse, seria um avestruz naquele momento, porque a artista negra no palco e as mulheres da plateia, igualmente me representavam. E representam.
O fato de ser fã-leitora de Elisa e de acompanhá-la sempre que tenho oportunidade, desde que a conheci numa apresentação contratada pelo Conselho da Comunidade Negra ou da Mulher em São Paulo, em algum lugar entre 1990 e 1992, quando divulgava o livro independente A lua que menstrua, me permite afirmar que o público que vai vê-la no teatro é maiormente branco. Como imagino que também sejam seus leitores e fãs, ou seja, quem prestigia e paga pelo valoroso trabalho de Elisa é o público branco. E, para sermos francas, qual é o artista negro bem sucedido no Brasil sustentado pelo público negro? A resposta pode ter muitas nuances e vetores e não me ocuparei deles neste texto. Em contraponto, só pelo exercício de pensar, quantos artistas negros consagrados se ocuparam da formação de público negro em algum momento da carreira? Acho honesto perguntar, como acho necessário dizer também que percebo o quanto a maioria dos artistas negros, comprometidos com o público branco, que, em última instância valoriza seu trabalho e garante seu sustento pela arte, relativiza ou minimiza a crueza do racismo brasileiro.
De toda sorte, este longo preâmbulo se justifica por dois motivos: o primeiro, já enunciado, sou fã-leitora de Elisa. Tenho por ela respeito e admiração imensos e nos parágrafos que se seguirão, discordarei completamente do texto Coração suburbano escrito pela poeta em defesa de Falabella, criador do famigerado programa televisivo Sexo e as negas. Pode ser bobagem, mas parece que eu precisava pedir uma espécie de licença para, na condição de fã, discordar diametralmente de alguém que tenho na melhor conta.
O segundo motivo é que, de antemão, desautorizo qualquer uso do meu texto para atacar as escolhas estéticas da literatura de Elisa Lucinda. Explico, existe uma moçada que a critica porque ela não se posicionaria como um certo modelo de escritora negra imbricado com o ativismo político de combate ao racismo por meio da literatura. Elisa, então, é acusada por muitos de “não ser negra mesmo”. Acho isso uma grande bobagem e defendo seu direito de escrever o que quiser, quando quiser e como quiser, embora saiba que ela não precisa de mim para defendê-la, mas faço esta afirmação, para desautorizar a utilização de meu texto para esse tipo de finalidade.
Ora, se cada um tem o direito de escrever o quiser, não é contraditório que estejamos criticando Falabella? E mais, por que o programa seria famigerado, antes mesmo de ir ao ar?
Cada um tem o direito de escrever o que quiser e a recepção ao texto também tem o direito de reagir e se posicionar como achar mais conveniente.
O texto é famigerado pelo próprio título, Sexo e as negas, exemplarmente discutido por Fabiola Oliveira ao explorar as conexões entre as palavras sexo e negas, em diferentes imaginários, a ver.
No imaginário da mulher negra, historicamente vilipendiada pelo racismo e suas múltiplas manifestações, o estupro de escravizadas por escravizadores é um fantasma acordado pelo título da série televisiva. A hipersexualização de seu corpo também pesa nas costas da mulher negra de maneira incompreensível ao coração suburbano cego ao espectro de solidão e abandono que persegue as mulheres negras comuns.
O imaginário branco, por sua vez, vincula a hipersexualização do corpo negro ao sexo fugaz, pago, superficial, descomprometido e muitas vezes violento. Os sentimentos de amor, respeito, cuidado, cumplicidade, não são associados ao corpo da mulher negra de todo dia, aquela que não usa o botox da resignação para enrigesser os músculos do riso e gargalhar, mesmo quando destruída pela humilhação e dor impostas pelos inofensivos corações suburbanos.
Em última instância, os dois imaginários, o negro banhado pela dor da experiência, e o branco, pautado por estereótipos racistas, desqualificam e reduzem o sentido do sexo pleno quando atrelado às mulheres negras, chamadas por Falabella de negas. Como argumenta Fabíola, “o sexo com a mulher preta é o que permite a violência, o escárnio, a insensibilidade e a relação mercantil. Mulher preta que reclama atenção emocional geralmente é rechaçada e posta no seu lugar de “mula”. O sexo com a mulher preta quase nunca dialoga com a beleza ancestral desse corpo. Nunca é o sexo simbólico: é sempre aquele no escuro dos becos, ou no silêncio do adultério. A mulher preta é sempre a outra, a coadjuvante – protagonista apenas nas questões fisiológicas, com todo o seu aparato emocional e humano desconsiderado. Isso dilacera o imaginário da mulher negra e alimenta perversamente o imaginário branco.”

A defesa de Elisa Lucinda a Falabella, propriamente, de certo ponto de vista, parece-me algo compreensível. Falabella é seu amigo, etc, e, se não formos nós a defender os próprios amigos, quem o fará? E devemos fazê-lo, principalmente quando compartilhamos seu ideário. Essa concordância fica patente na defesa da poeta ao autor global. Entretanto, daí a querer que nós compreendamos e aceitemos as boas intenções do alardeado coração suburbano do moço vai uma distância sideral.
Vejamos: lidar com a não intenção de discriminar do discriminador, à medida que, efetiva e impunemente  discrimina, faz parte do rol de afetos correlatos ao racismo brasileiro. E, ironicamente, as práticas discriminatórias bem intencionadas não soam falso como o assassino que declara “eu não tinha intenção de matar, mas, num momento de privação de sentidos, atirei na cabeça da pessoa, ou joguei a criança da janela do quarto andar.” Não! Discriminar racialmente e negar a discriminação faz parte da liturgia do racismo brasileiro, porque, por aqui, a gente é submetida ao absurdo cotidiano de provar que o racismo existe e de demonstrar que determinados comportamentos que, em qualquer lugar do mundo seriam entendidos como manifestações racistas, aqui são absolvidos pela intenção de não discriminar. Havemos de concordar que a suposta intenção de não discriminar tem sido ferramenta eficiente de proteção ao racismo institucional. Tipo, eu evoco num título de programa de TV a lista de estereótipos embasadores da hipersexualização da mulher negra, mas não tenho a intenção de discriminar porque não sou racista (solidariamente gero emprego para artistas negros) e, não sendo racista, como é que posso discriminar alguém? Eu com meu coração grandão e suburbano… vocês é que não sabem rir, não têm humor! Façam-me o favor.
Aliás, por falar em falta de humor dos negros estereotipados e riqueza de humor dos brancos que estereotipam, Luanda Nascimento foi precisa: ” A maioria dos humoristas brancos no Brasil não cumpre o papel do humor: distensionar.  Pelo simples fato de não aplicarem a primeira lição do Clown, hiperbolizar e ridicularizar suas próprias idiossincrasias.  Ao ridicularizar o preto que é historicamente oprimido no Brasil, não há nenhum distensionamento, apenas reprodução de racismo com “licença poética”. Ao ridicularizar o gordo sendo magro, quando o padrão biotípico é da magreza, não se produz distensão, mas tensão para quem normalmente já é estereotipado. Ao se valer da imagem do morador ‘do asfalto’ (com coração suburbano, acrescento) sobre o que sejam costumes, hábitos e vivências da favela não se produz humor, se produz estereotipia higienista social.”
Poxa, acho desleal que Elisa pergunte, num texto apressado e mal escrito (desalinhado de sua escrita habitual) por que a comunidade negra se cala diante da ausência de negros na TV, porque não é verdade. Faz-se muito barulho. Talvez, antes de o amigo Falabella ser atingido, Elisa não tivesse ouvido o clamor da comunidade negra pela presença (qualificada, protagônica, digna) de atrizes e atores negros na TV, via posts na internet, discussões em bares, salões de beleza, em salas de aula, monografias, dissertações, teses, artigos científicos e de opinião, na literatura e dramaturgia negras, em ações específicas e repetidas do Movimento Negro. Talvez nunca tenha visto a comunidade negra que consome no Saara e na 25 de Março apoiando os modelos negros que exigem espaço profissional nas grandes feiras de moda, como a São Paulo Fashion Week.
Existe um mundo negro pautado pela noção de pertencimento a uma comunidade de destino, que luta por seus indivíduos encrustados e isolados nos mais diversos setores sociopolíticos, simplesmente porque eles integram um só povo, o povo negro, enquanto outros irmãos e irmãs se dissolvem e se perdem no mundo branco. Parece-me que falta a esses negros imiscuídos no mundo branco dizer a que vieram e ter a coragem de pautar a questão racial em seu cotidiano (é chato, cansativo e desgastante) para além do sentimento de agressão injusta aos amigos brancos. A tal comunidade negra, a seu turno, tem bradado há décadas por negros que não estão nem aí para ela e continuará a fazê-lo, porque sabe como o racismo opera e, por isso, não virará as costas aos negros, em nome dos brancos amigos.

Não sou público para a série Sexo e as negas. Não sou profissional de comunicação que por dever de ofício precisa assistir esse tipo de programa, embora tenha dedicado um livro inteiro a discutir, por meio da criação literária, a mídia e as relações raciais ali representadas, especialmente em produções dramatúrgicas globais que assisti atenta, critiquei e elogiei. Sou criadora, escritora e não demonizo a televisão, assisto o que me interessa e meu tempo permite. Quando tenho televisão, é verdade, porque, no momento, tenho tanto trabalho criativo a fazer e tão pouco tempo disponível para realizar, que optei por não ter uma.

Gosto de textos poéticos, com inovação de linguagem, bons diálogos, dramaturgia criativa. Meu tempo é precioso demais para desperdiçar com humor abjeto e diálogos boçais de cristalização do olhar branco sobre a miséria da vida do negro. Definitivamente, esses programas enlatados pela fórmula do riso fácil, do sucesso junto ao público que se acha desprezível e por isso acha graça em se ver desprezado, não me fisga como telespectadora.



1 de abril de 2014

Utopia e Barbárie (Silvio Tendler)





Ficha Técnica
Direção:  Silvio Tendler 
País de Origem:  Brasil
Gênero:  Documentário
Classificação etária: Livre
Tempo de Duração: 120 minutos
Ano de Lançamento:  2010.

11 de março de 2014

Quando a gente deixou de achar graça um do outro...

Quando a gente deixou de achar graça um do outro... Esses dias me peguei pensando em que momento deixamos de achar graça um do outro. Tentei identificar uma data precisa e não consegui, assim passei a elencar quais eram as nossas manias e costumes e, quando, pouco a pouco, fomos deixando de praticá-las, não achando mais graça em nada disso. Lembrei de como eu ria da sua incapacidade de achar as chaves de casa, a carteira, o celular. Lembrei de como você tirava sarro da minha procrastinação no trabalho. Lembrei que cozinhávamos juntos e eu sempre queria comandar tudo, então, você ria e me cutucava criticando a teoria e a prática do feminismo. Lembrei que eu sempre te chamava na cama para dar um beijo de bom dia, você sempre acordava mais cedo e me chamava de dorminhoca. Lembrei de como eu achava graça da sua obstinação e disciplina. Lembrei que achamos graça de tudo isso e, não sei exatamente quando, deixamos de sentir. Mas sabe o que acho que foi marcante? Foi quando deixamos de achar graça em ir ao samba juntos. Esse foi o fim. Nós adorávamos, mas depois perdeu a graça. Quero deixar claro que me lembro disso tudo com alegria e sem saudosismo. Tem muita gente que nunca passou por isso. Nunca achou graça e vive até hoje só com a irritação de não rir, de não compartilhar com o outro. Demorei tanto para escrever sobre isso. Demorei porque não me sentia pronta para colocar no papel. Demorei porque foi difícil admitir para mim mesmo que passou e, eu, ando com vontade de achar graça em outra pessoa.

20 de novembro de 2013

Viva a resistência da população negra! 500 anos lutando contra dominação!





Carta a Mãe África
É preciso ter pés firmes no chão
Sentir as forças vindas dos céus, da missão...
Dos seios da mãe África e do coração
É hora de escrever entre a razão e a emoção
Mãe! Aqui crescemos subnutridos de amor
A distância de ti, o doloroso chicote do feitor...
Nos tornou algo nunca imaginavel, imprevisível
E isso nos trouxe um desconforto horrível
As trancas, as correntes, a prisão do corpo outrora...
Evoluiram para a prisão da mente agora
Ser preto é moda, concorda? Mas só no visual
Continua caso raro ascensão social
Tudo igual, só que de maneira diferente
A trapaça mudou de cara, segue impunemente
As senzalas são as ante salas das delegacias
Corredores lotados por seus filhos e filhas...
Hum! Verdadeiras ilhas, grandes naufrágios
A falsa abolição fez vários estragos
Fez acreditarem em racismo ao contrário
Num cenário de estações rumo ao calvário
Heróis brancos, destruidores de quilombos
Usurpadores de sonhos, seguem reinando...
Mesmo separado de ti pelo Atlântico
Minha trilha são seus românticos cantos
Mãe! Me imagino arrancado dos seus braços
Que não me viu nascer, nem meus primeiros passos
O esboço! É o que tenho na mente do teu rosto
Por aqui de ti falam muito pouco
E penso... Qual foi o erro cometido?
Por que fizeram com a gente isso?
O plano fica claro... É o nosso sumiço
O que querem os partidários, os visionários disso
Eis a qüestão...
A maioria da população tem guetofobia
Anomalia sem vacinação.
E o pior, a triste constatação:
Muitos irmãos patrocinam o vilão...
De várias formas oportunistas, sem perceber
Pelo alimento, fome, sede de poder
E o que menos querem ser e parecer...
Alguém que lembre, no visual, você.
( Refrão 2x ) (Colagem: A Carne - Elza Soares)
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra
Os tiros ouvidos aqui vêm de todos os lados
Mas não se pode seguir aqui agachado
É por instinto que levanto o sangue Banto-Nagô...
E em meio ao bombardeio
Reconheço quem sou, e vou...
Mesmo ferido, ao fronte, ao combate
E em meio a fumaça, sigo sem nenhum disfarce
Pois minha face delata ao mundo o que quero:
Voltar para casa, viver meus dias sem terno
Eterno! É o tempo atual, na moral
No mural vedem uma democracia racial
E os pretos, os negros, afro-descendentes...
Passaram a ser obedientes, afro-convenientes.
Nos jornais, entrevistas nas revistas
Alguns de nós, quando expõem seus pontos de vista
Tentam ser pacíficos, cordiais, amorosos
E eu penso como os dias tem sido dolorosos
E rancorosos, maldosos muitos são,
Quando falamos numa miníma reparação:
- Ações afirmativas, inclusão, cotas?!
- O opressor ameaça recalçar as botas..
Nos mergulharam numa grande confusão
Racismo não existe e sim uma social exclusão
Mas sei fazer bem a diferenciação
Sofro pela cor, o patrão e o padrão
E a miscigenação, tema polêmico no gueto
Relação do branco, do índio com preto
Fator que atrasou ainda mais a auto-estima:
-Tem cabelo liso, mas olha o nariz da menina
O espelho na favela após a novela é o divã
Onde o parceiro sonha em ser galã
Onde a garota viaja...
Quer ser atriz em vez de meretriz
Onde a lágrima corre como num chafariz
Quem diz! Que este povo foi um dia unido
E que um plano o trouxe para um lugar desconhecido
Hoje amado (Ah! muito amado..), são mais de quinhentos anos
Criamos nossos laços, reescrevemos sonhos
Mãe! Sou fruto do seu sangue, das suas entranhas
O sistema me marcou, mas não me arrebanha
O predador errou quando pensou que o amor estanca
Amo e sou amado no exílio por uma mãe branca
( Refrão 2x )
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra.



Com participação de Ellen Oléria.

17 de novembro de 2013

Previsão de orçamento da União para 2014



























Segundo a coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, é mentira dizer que não temos mais dívida externa e que o FMI não exerce mais influência sobre a nossa economia. “O FMI continua monitorando a economia brasileira, embora tenhamos pago a parte financeira que devíamos a eles. Mesmo assim, continuamos sócios do FMI”, diz ela em entrevista ao site  amaivos.
Maria Lucia Fattorelli é auditora fiscal da Receita Federal, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida. Graduada em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais e em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Contábeis Machado Sobrinho, em Juiz de Fora. Especializou-se em Administração Tributária pela Fundação Getúlio Vargas e organizadora do livro “Auditoria da Dívida: Uma Questão de Soberania”.  Do ponto de vista das relações internacionais, de fato, a auditoria da dívida brasileira é uma questão de soberania nacional. Mas para os milhões de cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras a auditoria da dívida, pode-se dizer, trata-se de uma questão de cidadania. Que dívida é essa? Por que o governo brasileiro paga seus juros sem qualquer tipo de questionamento?
A dívida pública brasileira  dividi-se em dívida externa e dívida interna. A dívida externa estava em R$ 682, 8 bilhões de reais em setembro deste ano de 2013. Já a dívida interna estava em  R$ 2 trilhões de reais no mesmo período. Somadas as duas dívidas ultrapassam os R$ 2,5 trilhões de reais. O pagamento dos juros dessa dívida consome a maior parte dos recursos da União. Dinheiro que poderia está sendo usado em saneamento básico, reforma urbana, programas de habitação, transporte, meio ambiente, entre outras necessidades dos cidadãos.

Para o ano que vem, a previsão é de que os gastos, só com o juro da dívida, cheguem a 42,42% do orçamento da União. Qualquer aumento na aposentadoria, nos encargos com Previdência Social,  tem sido tratado como problema pelo governo (ano passado as aposentadorias fora reajustadas um pouco acima da inflação do ano de 2012, ou seja, 5,84%), contudo, a taxa de juro (que incide sobre essa dívida) acaba de aumentar para 10% ao ano é a Previdência que continua preocupando. Segundo Maria Lucia Fattorelli, 50% dos papéis da dívida brasileira estão na mão de estrangeiros, isto é: instituições financeiras internacionais. O  lucro dessas instituições não param de crescer, em função desse compromisso dos governos brasileiros (de FHC, passando por Lula e Dilma) em  garantir  juros autos, que comprometem cada vez mais a destinação dos recursos públicos brasileiro.












20 de agosto de 2013

Filmenista: Cairo 678


Fayza (Boshra) é uma dona de casa pacata e mãe de dois filhos, que não consegue evitar o assédio diário ao pegar o ônibus. No outro lado da cidade vive Seba (Nelly Karim), uma endinheirada designer de joias que, após ser violentada durante um jogo de futebol, passa a ensinar outras mulheres a se defender. Já Nelly (Nahed El Sebaï) virou alvo de todo o país ao se tornar a primeira egípcia a apresentar uma queixa na justiça por assédio sexual.

Filme completo (legendado em português)

5 de junho de 2013

Será que as mulheres brasileiras terão que retirar seus úteros para garantir Direitos Humanos?




Nestes tempos em que  as tradições religiosas começam a encontrar eco nas políticas de estado, só a  profanação pode nos salvar.  Hoje (5 de junho de 2013), a bancada evangélica subiu mais um degrau na sua escalada ao poder e na dissolução do pouco de laicidade de que dispõe o estado brasileiro, com aprovação pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara da proposta do Estatuto do Nascituro que estabelece proteção jurídica aos embriões. O projeto, agora, segue para Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) onde, certamente, a questão será tratada como moeda de troca, em eventual apoio da bancada evangélica à reeleição da presidenta Dilma. Uma vez aprovado o PL 478/2007 retirará direitos das mulheres para ampliar os direitos dos embriões. As religiões sempre trataram as mulheres como meras incubadoras, mas agora, com o apoio do estado brasileiro, que ensaia tratar suas cidadãs  não como seres humanos integrais, dignos de direitos, mas como um útero hospedeiro destinado à gravidez compulsória.

Será que teremos que retirar nossos úteros para sermos tratadas como seres integrais, dignas de direitos? 

Diga Não ao Estatuto do Nascituro!

21 de março de 2013

Dia internacional de eliminação da discriminação racial

Ângela Davis 




Amina, teu corpo é um campo de batalha!



AMINA FUE CONDENADA A MUERTE !


Con la foto y el mensaje “Mi cuerpo es mío y de nadie más”, Amina, la joven tunecina buscaba abogar por los derechos de las mujeres. La condenraron a latigazos y muerte.

Un clérigo musulmán condenó a muerte por lapidación a Amina, una joven tunecina de 19 años que se atrevió a difundir en las redes sociales una fotografía suya en topless con una frase en árabe en la que abogaba por los derechos de la mujer.
La condena, que ha provocado reacciones en contra y a favor de la joven, fue emitida por el clérigo Adel Almi, través de una Fatwa, un pronunciamiento legal en el Islam de eruditos religiosos, tras declarar a Amina culpable de mostrar su cuerpo en público.

La Fatwa establece que la joven estudiante de educación secundaria reciba 10 latigazos en un sitio público y luego sea lapidada hasta morir para castigar su indecencia y evitar que su "mal ejemplo" desencadene una epidemia y otras chicas repitan su acción.
"Amina quería destacar y llamar la atención al posar desnuda. Esto refleja que la chica no tiene nada que perder y no es consciente de lo sagrado de la mujer. Estas acciones deben ser tratadas para evitar posibles desastres", dijo Almi.
El clérigo religioso, presidente de Conciencia Moderada y Reforma, una asociación islámica radical, consideró que Amina debería ser azotada 100 veces dada la magnitud de su pecado, "la chica merece la lapidación hasta la muerte", subrayó.
Amina, quien asegura ser integrante del grupo Femen, un movimiento feminista surgido en Ucrania en 2008 que realiza sus protestas con el torso desnudo para llamar la atención, publicó en Facebook una foto en topples con la frase: "Mi cuerpo es mío y de nadie más".
La publicación generó en unos cuantos minutos más de 3,700 "me gusta" y miles de comentarios, algunos apoyando su causa a favor de la libertad de la mujeres en Túnez y otros en contra, además de amenazas de muerte, muchas de ellas de parte de musulmanas.
La inusual protesta Amina desató el rechazo de su propia familia, que la considera una "ofensa al pudor de la mujer" y al Islam. Desaprueban su comportamiento, la desconocen e incluso respaldan su sentencia a muerte, según reportó el sitio Algeri-focus.
"Somos una familia musulmana y no podemos aceptar estas prácticas que han afectado gravemente no sólo a nuestra imagen, sino la imagen de la mujer tunecina y nuestra religión, el Islam", afirmaron los padres, tíos y primos de Amina en un mensaje difundido en internet.
"Nuestra hija es víctima de la manipulación mental, del lavado de cerebro... Debemos luchar contra este flagelo para ¡salvar nuestras chicas!", dijo la madre de la joven, tras expresar su indignación y vergüenza por el comportamiento de Amina.
En una entrevista con la televisión argelina, la joven expresó su admiración por las activistas del movimiento Femen y su lucha a favor de la equidad de género, al rechazar que su fotografía sea insultante o que tenga motivaciones sexuales.
La tunecina admitió que nunca imaginó que su foto pudiera causar tanto revuelo y que si decidió hacerla con su busto desnudo fue para que su mensaje sea tomado en cuenta, ya que de lo contrario iba a ser ignorado.
"Es sólo una manera de pasar un mensaje. Era la única manera de que fuera visto, no fue por motivo sexual, sólo para emitir el mensaje, para defender los derechos de la mujer", indicó Amina, cuya condena provocó la difusión de la foto de otra chica en topless.
Emulando la foto, otra tunecina, identificada como Meriam, subió este miércoles una fotografía con el pecho descubierto en la página de Femen con el mensaje: "Nadie debería tener el poder de la vida o muerte sobre nosotras. Apoyo a Amina y a todas las mujeres árabes".
Al igual que Amina, Meriam ha atraído a un gran número de seguidores con su fotografía, aunque también duras críticas, mensajes obscenos y amenazas de muerte.

más info en: 



8 de março de 2013

Somos tantas Marias - sem - vergonha de ser mulher



Arte: Paulo Govêa - www.paulogovea.com

Já são tantas. Milhares. Milhões. Uma verdadeira
Rama, florescendo por todo o planeta. Lilás.
São Maria - sem - vergonha de ser mulher.
Não são só florzinhas. São mulheres se agrupando,
Misturando suas cores, gritando seus encantos,
Exibindo suas verdades.
São domésticas, bailarinas, médicas, estudantes, bancárias,
Professoras, escritoras, garis, brancas, negras, índias,
Meninas...
São sem vergonha de lutar,
Acreditar, denunciar, exigir, reivindicar, sonhar...
São sem vergonha de dizer
Que ainda falta trabalho, sálario digno, respeito...
Que ainda são vítimas de violência física,
Da porrada, do assédio, do estupro, do aborto,
Da prostituição, da falta de assistência...
São Maria - sem - vergonha de se indignar
Diante do preconceito, da escravidão, da injustiça,
Da discriminação aos seus cabelos pixaim
E à sua pele negra...
São Maria - sem - vergonha de brigar por creches,
Meio ambiente, pelo direito de ter ou não ter filhos...
São Maria - sem - vergonha de ficar bonita,
Pintar a boca e da sua boca soltar um beijo
Que não vem de sua boca, mas de seu ser inteiro,
Indivisível, solidário.
São Maria - sem - vergonha de dizer NÃO, de buscar
Alegria, prazer... Sem vergonha de se cuidar,
De usar camisinha e de se apaixonar. Atrevidas,
Maria - sem - vergonha de decidir, fazer política,
Escolher e ser escolhida.
São essas sem vergonha que
A cada tempo mudam a história,
Comquistam direitos, dão a vida.
Geram outras vidas insistentemente.
Desavergonhadamente vão tecendo de cor e beleza,
O desbotado das relações humanas,
Sem medo, sem disfarce, sem vergonha de ser feliz
Vão parindo com dores e delícias um novo mundo
Pra mulheres e homens
Um novo mundo pra "comunidade dos seres"
Autora: Nanci Silva


11 de fevereiro de 2013

Documentários PAGUça-sua-mente


Olhos Azuis 

Documentário sobre preconceito e discriminação.

Estamira

Narra a história de uma catadora de lixo, doente mental crônica, com uma percepção do mundo surpreendente e devastadora.

5 de fevereiro de 2013

FILMEnista: The Magdalene Sisters (Em Nome de Deus), para pensar os crimes cometidos pela Igreja Católica contra as mulheres.


05 de fevereiro de 2013:  Um relatório oficial do governo Irlandês, divulgado nesta terça-feira, admitiu que o estado irlandês foi responsável pelo envio de cerca de 30 mil  mulheres e meninas para as chamadas  "Lavanderias de Madalena", instituições católicas que eram verdadeiras senzalas femininas, onde adolescentes sem teto, mães solteiras, jovens delinquentes ou consideradas "problemáticas" foram submetidas a longas jornadas de trabalho não remunerado e sofreram todo tipo de tortura física e psicológica.
Essas instituições, dirigidas por freiras católicas, foram acusados ​​de tratar as internas  colocadas sob seus cuidados  como "escravas" em pleno século XX (entre 1922 e 1995).



Tudo leva a crer que foi o trabalho escravo destas mulheres que financiou congregações católicas da Irlanda como as Irmãs de Nossa Senhora da Caridade, os Bons Pastores, as Irmãs da Misericórdia e as Irmãs Religiosas da Caridade.
Quem eram essas mulheres escravizadas, chamadas pela igreja de  “Irmãs de Madalena”? A maioria das abrigadas pelas "Lavanderias de Madalena" eram mulheres acusadas por pequenos delitos como, por exemplo, não pagar por um bilhete de ônibus, furto e vadiagem. Haviam também jovens órfãs ou abandonadas pelas famílias.
As sobreviventes contaram ao Grupo de Defesa e Justiça para as Madalenas  como funcionavam as instituições: um regime rígido e inflexível de trabalho e oração, com muitos casos de abuso sexual.
Mais de 10.000 mulheres, com idades entre 9 e 89, foram enviadas para oito das 10 lavanderias, segundo os registros disponíveis entre 1992 e 1996. O Grupo de Defesa e Justiça para as Madalenas  tomou conhecimento de pelo  menos 988 mulheres enterradas nos cemitérios das "Lavanderias" de toda a Irlanda, o que significa que estas mulheres permaneceram nas instituições até a morte. A Dr. Katherine O'Donnell, diretor do Centro de Estudos das Mulheres na Universidade College, em Dublin, disse: "O estado enviou meninas e mulheres no sistema de lavanderia Madalena através dos tribunais, de forma ilegal”.
Este cenário aterrador das Lavanderias de Madalena, foi retratado no filme “The Magdalene Sisters” (2002). 

O filme se passa na década de 1960 e conta história de Margaret uma jovem estuprada pelo primo enviada a instituição pela família; Bernardette uma jovem muito bonita e sensual, considerada um perigo para os homens da vizinhança; Rose e Crispina duas mães solteiras. Personagens inspiradas na história de mulheres  reais que realmente viveram nas "Lavanderias de Madalena". Quatro mulheres renegadas pela família e pela sociedade, internadas nesta instituição católica para "pagarem por seus pecados". Uma punição sem tempo determinado, baseada numa rotina  de trabalhos forçados a instituição que prestava serviços para presídios, hospitais e para o exército. O nome "Irmãs Magdalena" é uma clara referência a Maria Madalena: a pecadora. Mas ao contrário da personagem bíblica que, segundo consta foi  perdoada e acolhida por Jesus, as  Madalenas desta história são humilhadas regularmente pelas freiras, que não toleram desobediência e muitas vezes usando castigos físicos.
Para ser internada numa das Lavanderias de Madalena bastava ser mãe solteira, ser bonita e sensual demais ou feia demais para casar, ser ignorante ou muito inteligente, vítima de estupro, em fim, bastava ser mulher e agir de maneira oposta as regras socialmente estabelecidas. Por tais crimes e pecados, as Madalenas eram obrigadas a trabalhar 364 dias por ano --- descanso? Só no natal. Não recebiam remuneração. Mulheres escravizadas  com às bençãos da Igreja e a chancela do estado. E não estamos falando de coisas ocorridas no século  XVII e XVIII, mas do século XX. O filme se passa nos anos de 1960. Década da revolução sexual, do feminismo, das lutas por direitos civis do setores excluídos.
Neste filme, a autoridade da igreja sobre a vida destas mulheres é representado pela  irmã Bridget, quem pune as meninas que tentam fugir, desobedecem as freiras e conversam durante o trabalho. O enredo retrata também a hierarquia estabelecida pelas religiosas. Embora seja o trabalho das internas que sustenta a instituição, a comida servida a elas era bem inferior a das freiras. O filme retrata outra faceta cruel desse sistema de escravidão: algumas destas Madalenas também eram escravas sexuais, ou seja, eram obrigadas a prestar “favores” sexuais aos padres. Quando alguma delas  engravidava, como a igreja não tolera o aborto, os filhos fruto do estupro eram adotados por “boas famílias católicas”. 
A narrativa deixa claro ainda que a escravidão dessas Madalenas mantinha muitas ordens religiosas e as obras “filantrópicas” da igreja católica na Irlanda. 





26 de janeiro de 2013

Até que a morte os separe?



Criar uma rede internacional de organizações e indivíduos para combater a violência contra as mulheres este é o objetivo dos "Hands off women-how", que começa a partir do pressuposto de que a violência de gênero não podem ser considerada um problema interpessoal e privado, mas precisam ser abordada e combatida como responsabilidade coletiva. A violência contra a mulher é uma mazela global, uma doença social, um fenômeno generalizado, nenhum país está isento. Por isso é preciso criar uma  rede de pessoas e associações, aproveitando as novas tecnologias para relatar casos de violência contra mulher e ampliar as vozes femininas. Para aderir  à rede basta assinar a carta de intenções, publicado no site http://www.handsoffwomen-how.org/chart-of-intents/subscribe/Entre os objetivos "para eliminar todas as formas de violência e coerção sofridas por mulheres e disseminar boas práticas , desenvolver ações coordenadas, promover bolsas de estudo para a comunicação social sobre o tema dos direitos humanos das mulheres e meninas e colocação de treinamento e de trabalho e iniciativas de empreendedorismo de solidariedade. A violência contra as mulheres é uma tragédia diária, as instituições devem estar atentos e responder de forma eficaz.

24 de janeiro de 2013

Estupro coletivo! Não, esse tipo de violência não acontece só na Índia.


Homem foi preso, acusado de contratar um grupo de homens para estuprar e espancar a ex-mulher.

Seis homens foram presos nesta quinta-feira (24 de janeiro de 2013) acusados de participar do estupro  e tortura de uma enfermeira de 38 anos, entre os acusados está o ex-marido da vítima. O crime ocorreu em novembro de 2012, no bairro Novo Mundo, em Curitiba, mas somente agora foi solucionado.  Enquanto a mulher, separada há quatro anos do mandante do crime, era estuprada e levava marteladas na cabeça, ele esperava do lado de fora. O maníaco queria ter certeza do estupro e assassinato da ex-mulher. Ela só não morreu porque desmaiou com os golpes de martelo e os criminosos pensaram que ela estivesse morta.  Após o crime o mandante pagou R$ 300,00 a cada um dos agressores e os levou para casa.   O novo companheiro da mulher também estava no local e foi torturado. A mulher sobreviveu e foi levada para o hospital. Recuperada, passou informações à polícia que levou a identificação dos autores. Seis homens foram presos estão na carceragem da Delegacia de Furtos e Roubos da "cidade modelo civilidade” do Brasil, Curitiba.  De acordo com a vítima, o ex-marido já havia tentado incendiar sua casa, riscou seu carro e furou os pneus. Até que, em outubro de 2012,  ele conseguiu incendiar o automóvel da vítima.


Mas essa não é a história de um crime passional, ela revela a omissão do estado em situações como essa. Mesmo depois de ter sido estuprada e espancada a mulher não conseguiu registrar quixa na Delegacia da Mulher da capital paranaense. Estado que aliás ocupa o 3º lugar no triste ranking de femenícidio, assassinatos cometidos em função da desigualdade de gênero. O caso só foi resolvido porque seus agressores a roubaram e ela procurou também a  Delegacia de Furtos e Roubos para denunciá-los.







19 de janeiro de 2013

O BBBestial Dhomini

Ano passado foi apologia ao estupro. Este ano, o BBB, o programa que não acrescenta nada de útil a vida do povo brasileiro, continua fazendo jus à barbárie. Na última sexta-feira, um dos participantes contou ter arrancado todos os dentes de “seu cachorro” com um machado, após levar uma mordida do animal. Certamente a direção do programa procederá, como sempre procede nestes casos: minimizando a relevância do comportamento bestial dos participantes do programa. Compactuando e televisionando o que há de pior no comportamento humano. Os patrocinadores idem, para quem só pensa em cifras as questões éticas pouco ou nada importam. Releva-se as baixezas do BBB em nome da promoção da marca. Os telespectadores também não decepcionam no quesito "falta de senso crítico". Alguns já estão fazendo campanha para eliminar o "mau elemento" e salvaguardar a "popularidade" deste serviço de inutilidade pública. Expulsar os malvados, premiar aqueles que se fazem de bonzinhos. Bem e Mal. A velha fórmula de cooptação do reality mais assistido e bem pago do Brasil que, num passado não muito distante, redeu um prêmio milionário ao, agora, maldito Dhomini, que à época conseguiu (ou não) esconder seu sadismo em relação aos animais e se consagrou campeão. Aos que não dão audiência ao abominável BBB, convido a radicalizar: NÃO FINANCIE O BBB, BOICOTE AS  MARCAS QUE PATROCINAM  ESTA BOSTA E AS BESTAS QUE DELA SOBREVIVEM. 


10 de janeiro de 2013

Nicole: mais uma vítima da transfobia



Nicole (20 anos) foi assassinada no dia 05 de dezembro de 2013. Sábado à noite ela saiu para se divertir, mas teve a infelicidade de se deparar com três indivíduos ignorantes e homofóbicos.


Daniel Moraes dos Santos (26 anos), Sidnei Augusto Bueno (30 anos) e Maicon dos Santos Straub (19 anos). Um deles se interessou por Nicole; os dois trocaram beijos, mas um machão-amigo percebeu tratar-se de uma travesti. Neste ponto, começou o jogo  (habitual) que permite a perpetuação da dominação masculina. Mais do que chamar a atenção do amigo-macho-hetero para o fato de que estava interessado por uma transexual, a alcateia cobrou dele uma providência para reestabelecer sua "macheza". Não há nada de errado em um homem hetero se sentir atraído por uma mulher trans, em desejá-la e beijá-la. Os códigos de conduta machistas, no entanto, exige dos homens que reivindicam o rótulo da heterossexualidade que se mostrem prontos  a fazer qualquer coisa, cometer qualquer brutalidade ou insanidade para provar sua masculinidade. Qualquer coisa mesmo, até  premeditar um homicídio, como fizeram os  assassinos de Nicole. Dois deles foram para casa buscar uma arma, enquanto o terceiro distraia a travesti e assegurava que ela não iria embora da balada. Quando retornaram, continuaram agindo como se nada tivesse acontecido e se ofereceram para levá-la em casa, no caminho eles a fizeram descer do carro, atiraram 7 vezes contra ela, depois passaram com o carro por cima do corpo. A imprensa tem alardeado que Nicole foi assassinada porque foi "confundida com uma mulher" . Quase uma defesa da "prerrogativa" da dominação  masculina  de "lavar a honra com sangue" quando "enganado". Terrorismo barato para  intimidar as transexuais,  para que elas tenham medo de  ser exatamente aquilo que  são: mulheres.




Infelizmente, Nicole é mais uma vítima na longa lista divulgada pelo blog QUEM A HOMOFOBIA MATOU HOJE que, em 2012, registrou mês a mês, com base em notícias da imprensa, dados sobre mortalidade em consequência da brutalidade praticada cotidianamente contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros.


2012
Janeiro
  •  MARCELO FORTES MARINS (36 anos), gay morto a marteladas, Rio de Janeiro (RJ).
  •  SAFIRA (23 anos), travesti morta a tiros, Bauru (SP).
  • PEDRO PEREIRA TAMIARANA NETO (26 anos), travesti morta por asfixia, Curitiba (PR)
  • “PAOLA”  (28 anos) travesti assassinada com tiros, Maceió (AL)
  • JOSÉ DOS SANTOS FERREIRA (52 anos), gay  morto a pauladas, Nova Iguaçu (RJ).
  • SABRINA, travesti morta com tiros, Redenção (PA)
  •  JÂNIO FERREIRA GOMES (36 anos), gay morto com facadas, Parapiranga (BA), 
  • FRANCISCO SÁVIO LAÉRCIO MAIA (34 anos), gay assassinado com facadas, Fortaleza (CE).
  • “ROUX” (20 anos), travesti morta com disparos no rosto, Indial (SC).
  •  “REBECA” (29 anos), travesti assassinada  com tiros na cabeça, Maceió (AL).


Fevereiro
  •   FRANCISCO CHARLES DA SILVA RODRIGUES, gay  morto com tiros , Aquiraz (CE).
  • NÃO IDENTIFICADO (31 anos), brasileira transexual morta com tiros na cidade de Novara (Itália).
  • M. S. G. (16 anos), lésbica morta a pedradas , Manaus (AM).
  •  MÁRIO TOMÉ FERREIRA (50 anos), travesti morta a marteladas , Ibura (PE).
  • “SORAIA” (39 anos), travesti  morta  empalada, Maceió (AL).
  •  ROBERTO PAULO DE CAMPOS, travesti morta com pedradas na cabeça, Várzea Grande (MT).
  •  ALEXANDRE DE PAIVA NERY (30 anos), gay morto por asfixia , São Paulo (SP).
  • PEDRO NETO (20 anos), gay assassinado com tiros  , Patos (PB).
  •  WILYS DELFINO VITORIANO (26 anos), gay morto a facadas , Vila Velha (ES).
  •  GLAUCIENE PEREIRA PORTO (31 anos), lésbica morta a facadas, Solânea (PB).


Março
  •  “ROBERTA ” (16 anos), travesti morta a facadas  , Teresina (PI).
  •  NÃO IDENTIFICADO (19 anos), gay morto a facada, São Bento (MA).
  • “HANA” (25 anos), travesti morta a facadas , Ribeirão Preto.
  •  NÃO IDENTIFICADA, lésbica morta a tiros, Santa Rita (PB).
  • ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA FILHO (30 anos), gay morto a facadas , Arembepe (BA).
  • JAIME RODRIGUES DE ARAÚJO (73 anos), gay morto por espancamento , Fortaleza (CE).
  • JORGE, gay morto a tiro , Itabuna (BA).
  •  FLÁVIO WELLINGTON MACEDO PINTO (39 anos), gay morto com pauladas , Ananindeua (PA).
  • JOSÉ CARLOS DA SILVA (21 anos), gay  assassinado com facadas , Goiana (PE).

Abril
  •  “CRISTIELY” (19 anos), travesti assassinada a tiros  , Santa Inês (MA).
  • FERNANDO CARVALHO MARTINS DOS SANTOS (20 anos), travesti assassinada a tiro , Franca (SP).
  • MANOEL DA SILVA BONFIM (45 anos), gay morto a facadas , Valença (BA).
  • “NINA” (23 anos), travesti  morta com facadas , Guarulhos (SP).
  •  MÔNICA, travesti assassinada a tiros , São Gonçalo (RJ).
  •  ANDRÉ ALVES (24 anos), gay estrangulado , Manaus (AM).
  • LEANDRO EDUARDO CAMPOS FERREIRA (25 anos), travesti  morta a tiros, Olinda (PE).
  • NÃO IDENTIFICADO (14 anos), gay enterrado vivo pelo padrasto , Bequimão (MA).
  •  RODRIGO FAGUNDES (34 anos), gay morto com pedradas , Valença (RJ).
  • WILSON BRANDÃO DE CASTRO (77 anos), gay morto com tiros , Belo Horizonte (MG).
  • WEDERSON COSTA SILVA (32 anos), gay assassinado por espancamento, Belo Horizonte (MG).
  • FERNANDO DA SILVA (22 anos), gay  assassinado com tiros na cabeça , Mamanguape (PB).
  • “LAÍSA” (22 anos), travesti assassinada com tiros , São Paulo (SP).
  • ALEXANDRE AÍLTON MARCELINO (37 anos), gay morto com pauladas na cabeça , Recife (PE).
  •  NÃO IDENTIFICADA (30 anos), lésbica executada com 12 tiros , João Pessoa (PB).
  • DAVI SOUZA TELES (40 anos), gay espancado até a morte, Liberdade (BA).
  • “LIRO LIRO”, travesti executada com tiros , Peabiru (PR).
  •  “DAIA” (51 anos), gay causa da morte desconhecida, mas foi encontrado morto em um chiqueiro, Quatiguá (PR).

 Junho
  •  CARLÚCIO DE OLIVEIRA (40 anos), travesti assassinada a facadas , Bauru (SP).
  • NÃO IDENTIFICADO, travesti causa da morte desconhecida teve o corpo queimado, Pinhais (PR).
  •  E.G.N. (57 anos), gay estrangulado , São Vicente, São Paulo (SP).
  • JOSÉ HONORATO DA SILVA (58 anos), gay causa da morte ferimento na cabeça, Guaranhuns (PE).
  •  JOSÉ LEONARDO DA SILVA (22 anos), heterossexual espancado até a morte porque estava abraçado com o irmão que também foi espancado teve afundamento de face, Camaçari (BA).
  • L. R. P. (15 anos), gay morto a pauladas , Volta Redonda (RJ).
  • “CARLA” (29 anos), travesti morta asfixiada , São Paulo (SP).
  • MAURO JOSÉ PEREIRA PIRES (43 anos), gay morreu após ter 80% do corpo queimado , Feira de Santana (BA).
  • “BIANCA” (24 anos), travesti morta a tiros , Belém (PA).


Julho
  • JOSÉ MARCOS EUGÊNIO DA SILVA (30 anos), gay eletrocutado pelo primo homofônico , Passo do Camaragibe (AL).
  •  NÃO IDENTIFICADO, travesti encontrada morta na margem da Rodovia do Contorno (ES).
  •  “PÂMELA SCHEYFON” , travesti  militante, foi morta a tiros, São José de Mipubu (RN).
  •  “ALINE CABOQUINHA” (19 anos), travesti assassinada a tiros , Buritis (RR).
  • JEFFERSON LUÍS FERREIRA COSTA (36 anos), gay espancado até a morte , Bairro Jardim Santarém (PA).
  • ALESSANDRO BORGES, gay morto a facadas , Ananindeua (PA).
  • “BIA” (23 anos), travesti morta a tiros , João Pessoa (PB).  
  • “BETERRABA” (26 anos), travesti assassinada a pauladas , Parauapebas (PA).
  •  MANOEL GERMANO DA SILVA (25 anos), gay morto a tiros , Nova Iguaçu (PR).
  • TARSO CESAR CARMONA (19 anos), gay morto com um tiro na cabeça , Jardim Popular (SP).

Agosto
  •  ANITA (28 anos), travesti morta a tiro , Campina Grande (PB).
  • “NATASHA” (23 anos), travesti morta degolada com uma enxada , Clementina (SP).
  •  ROBSON FRANCO PEREIRA (26 anos), travesti executada a tiros , Campinas (SP).
  • NÃO IDENTIFICADO, travesti assassinada com facada , Manaus (AM).
  •  FRANCISCO DE ASSIS MARÇAL, travesti morta a facada , Poços de Caldas (MG).
  • MAIARA DIAS DE JESUS (22 anos), lésbica  assassinada a tiros  , Camaçari (BA).
  •  LAÍS FERNANDA DOS SANTOS  (25 anos), lésbica morta a tiro , Camaçari (BA).
  • MARCOS ROBERTO DE SOUZA VIEIRA (31 anos), travesti morta por espancamento , Três Lagoas (MS).
  • NÃO IDENTIFICADO (24 anos), gay morto a golpes de barra de ferro , Recife (PE).
  • CELSO RAFIK ALBARNAZ GERMANOS (48 anos), gay morto a facadas , Capão da Canoa (RS).


Setembro
  •  ” TCHESCA” (29 anos), travesti assassinada  a facadas , Pirajuí (SP).
  • “CARLINHA” (19 anos), travesti assassinada a pedradas , Ariqu,es (RO).
  • LUIZ MATHIAS JUNIOR, gay morto a tiros , Ouro Preto do Oeste (MG).
  • MIGUEL ANGELO BASIL (36 anos), travesti morto a pedradas , Manhuaçu (MG).
  •  SEVERINO MOMÉDIO DE MELO (32 anos), gay assassinada por espancamento , São Sebastião (AL).
  • RAIONY BATALHA (40 anos), travesti morta a facadas , Manaus (AM).
  •  “MICHELE” (18 anos), travesti morta a facadas , Londrina (PR).
  • NÃO IDENTIFICADO, travesti foi queimada e jogada , um rio , Sorocaba (SP).
  • ANDRÉ LIMA GONÇALVES FERREIRA (39 anos), gay morto a facadas , Maceió (AL).
  •  FLORISVALDO DE OLIVEIRA SILVA (40 anos), gay morto a tiros , Belém (PA).

Outubro
  •  VINICIUS SANTANA DA SILVA (19 anos), gay executado a tiros , Vitória de Santo Antão(PE).
  •  FRANCH,ERSON COSTA DA CUNHA (29 anos), gay morto a facadas , Manacapuru (AM).
  • “SARA” (25 anos), travesti assassinada a tiros , Montes Claros (MG).
  • “RAICA“  (18 anos), travesti assassinada a tiros , Belém (PA).
  • EDMILSON DE JESUS, gay morto a tiros , Itabaiana (SE).
  •  ERLÃ CRISTIAN AMARAL DE LOIOLA (19 anos), travesti morta a tiros , Sorriso (MT).  
  • RENATO DA SILVA SOUZA (28 anos), gay morto a tiros , Santa Isabel do Ivaí (PR).
  • JOSÉ VANILSON DA COSTA (36 anos), gay morto a tiros , Itabaiana (SE).
  • MARCELO VIOLLA (34 anos), gay causa da morte indeterminada, foi encontrado morto com ferimento na cabeça, São Paulo.  
  • L V.C (14 anos), gay morto a facadas , Recife (PE).
  •  MADONA (39 anos), travesti morta com pedrada na cabeça, Aracaju (SE).


Novembro/ dezembro
  •  CLEVERSON DE SOUZA ROCHA (33 anos), gay morto a tiros , Jaraguá do Sul (SC).
  •  JAELSON ANTERO DA SILVA (21 anos), caso de violência doméstica foi  espancado até a morte pelo companheiro , Maceió (AL).
  • MANUEL HENRIQUE VALENTIM (36 anos), gay morta a facada , Vitória de Santo Antão (PE).
  • ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA (34 anos), gay assassinado a pedradas , Natal (RN).
  •  ATTILIO PISCITELLI (41 anos), gay morto a facadas , Salvador (BA).
  •  ABÍLIO DE SOUSA SÁ (68 anos), gay foi asfixiado , João Pessoa (PB).
  •  RENER LOPES RIBEIRO (34 anos), travesti morta a tiros , Porto Velho (RO).
  • “FERNANDA” (23 anos), travesti espancada e queimada, Cuiabá (MT).
  •  L. V. O. A. S. (15 anos), travesti morta a tiros, Fortaleza (CE).
  • WAGNER SANTOS (27 anos), gay morto a pedradas, Recife (PE).
  •  LUCAS FORTUNA (28 anos), gay foi afogado na praia do (PE).
  •  SANDRO MARCOS DE OLIVEIRA (43 anos), gay espancado com barra de ferro, Ivinh,a (MS).
  •  CARLOS ROBERTO COSTA (70 anos), gay assassinado por uma quadrilha que roubava e matava homossexuais, corpo não foi encontrado, Rio de Janeiro (RJ).
  •  NÃO IDENTIFICADA (25 anos), travesti, causa da morte indeterminada, mas a vítima apresentava sinais de estupro, Aracaju (SE).
  • RAIMUNDO COELHO PIMENTEL,  gay morto a pauladas, Colina (TO).
  • CAMILA, travesti foi decapitada e queimada, Bairro do Novo Gama (GO).
  •  “DALVA¨ (37 anos), travesti decapitada e queimada, Bairro do Novo Gama (GO).
  • ELIAS MACIEL (31 anos), gay morto a facadas , Sorriso (MT).
  • “JONARA”, travesti morta a facadas, Socorro (SE).  
  • KEN WHEELER DA SILVA ARAÚJO (47 anos), gay morto a tiros, Manaus (AM). 

Janeiro 2013
  • “NICOLE GALISTEU” (20 anos), travesti foi baleada e os assassinos passaram por cima do corpo dela com o carro, Curitiba  (PR).
  • FRANCISCO DE ASSIS CÂMARA (64 anos), gay morto a facada, João Câmara (RN).